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Bacharel em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda - pela Usp. Período em que trabalhou como designer e professora de artes gráficas. Mestra em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp. Contou com apoio da Fapesp para sua pesquisa, que versa sobre os procedimentos artísticos modernos e contemporâneos, sobretudo no que diz respeito à colagem. Atua paralelamente como curadora independente.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Diretor do Pompidou na Pinacoteca

Ontem, 10 de setembro, a Pinacoteca do Estado de São Paulo recebeu Alfred Pacquement, diretor do Centre Pompidou, para seminário acerca da política de descentralização e de difusão cultural baseada na criação de museus-satélite.

O primeiro tema abordado em sua fala foi "Qual a função do museu?". 

Partindo desta questão, Pacquement afirmou ser responsabilidade do museu a conservação de obras que tracem um panorama histórico de determinada época, disponibilizando-as ao público como incentivo com fins educacionais, culturais e de pesquisa. 

Em contrapartida, ele nos lembra que nos últimos anos, os museus tem-se transformado em locais de espetáculo e diversão, sem que se leve em conta sua função primordial. Neste segundo hall estariam grandes museus norte-americanos e fundações particulares que primam pelo entretenimento.

Seguindo ainda este pensamento, o palestrante coloca-nos que o mais importante de um museu é o acervo e é dele que deve-se ocupar o museu. Para ele, a obrigação da instituição cultural é pensar em como apresentar seu acervo ao público, o que apresentar, de que maneira possibilitar diferentes significações por meio dos caminhos expositivos traçados.

No Centre Pompidou, por exemplo, há mudanças anuais no percurso expositivo de um dos dois pisos que compõem o complexo, pensando em temáticas que despertem uma nova luz sobre as obras apresentadas. Houve uma mostra em que o tema tratado foi o cinema. 

Além da tradicional exposição de vídeos, que o tema suscitaria, a curadoria do museu, selecionou trabalhos modernos e contemporâneos que trouxessem em si o movimento, a possibilidade de projeção de sombras, e outras características que aludissem ao cinematográfico.

Assim, a exposição foi montada como se as salas do percurso expositivo fossem verdadeiras instalações, em que uma obra dialogasse com a outra, fosse por sua sobreposição, reflexo, projeção, etc.

Num segundo momento, Pacquement relembrou a história do Centre Pompidou, criado em 1977, numa tentativa da França inserir-se no circuito internacional de arte contemporânea. A instituição também foi proposta de criação de um ambiente multidisciplinar, no qual além das artes visuais, haveria espaço para cinema, design e arquitetura.


Ao contrário do que aconteceu com o MoMa de Nova Iorque, por exemplo, na instituição de Paris não havia uma política de aquisição das obras desejadas, com verba disponível para montar o melhor acervo possível. 

No entanto, com doações de particulares ao longo de três décadas, o Centre Pompidou conseguiu angariar obras suficientes para que não coubessem mais no espaço criado nos anos 1970.

É neste momento em que entra o terceiro ponto da palestra: a necessidade de expansão dos museus a fim de levar seu acervo ao público. Alguns museus tem utilizado como solução a criação de novas "filiais" em cidades ou países distintos.

É o caso, por exemplo do Louvre Abu Dhabi previsto para ser concluído nos Emirados Árabes ainda este ano, numa cooperação entre este país e a França, que tem como objetivo a criação de um museu universal, ou seja, com obras que vão desde a pré-história até a atualidade. 


Os Emirados Árabes pretendem converter parte de sua riqueza econômica em desenvolvimento cultural, o que inclui ainda a criação de um Guggenheim. Por falar nisso, este último tem sido alvo de críticas devido à sua instalação em Bilbao, Espanha.

Isso porque, o Guggenheim Bilbao não tem autonomia sobre suas ações, ao contrário das iniciativas francesas, que tendem a uma parceria entre os diferentes lugares.  Neste caso pode-se falar em museu satélite, pois todas as decisões partem de Nova Iorque e são apenas realizadas nesta e nas outras "filiais" da marca.

Além disso, criticou-se a falta de correspondência entre a modernidade da arquitetura do museu e a tradicionalidade das salas de exposições e percursos expositivos ali traçados.

No caso específico do Centre Pompidou, objetivou-se a criação de um outro museu fora de Paris, que abrigasse parte do acervo, mas que possuísse autonomia administrativa. 

A proposta para criação do novo espaço foi publicamente apresentada e a região da cidade de Metz, a uma hora da capital francesa, candidatou-se para receber o novo museu.

O prédio que abrigaria o Pompidou Metz foi escolhido por concurso arquitetônico - da mesma maneira que o centro de Paris -, o estado francês arcou com 20% dos custos de instalação e o restante foi financiado pela iniciativa privada local, numa aposta de valorizar a região por meio do turismo. 


Em dois anos de existência, o Pompidou Metz contou com 1,5 milhão de visitantes. De acordo com  Pacquement, este não pode ser considerado um museu-satélite, porque, apesar de exibir parte do acervo do Pompidou de Paris, não repete as exposições ali instaladas, tem curador e direção próprios, além de arcar com os próprios custos administrativos.

Uma outra ação do museu no sentido de aumentar o alcance de suas obras foi a criação do Pompidou Mobile. Trata-se de um museu itinerante que leva obras significativas do modernismo europeu a áreas que estavam fora do alcance geográfico ou sócio-cultural do centro. 


A ideia veio de um museu popular criado pela comunidade na periferia parisiense e que desejava emprestar obras no Pompidou. 

Como este espaço, apesar da bela iniciativa,  não possuía condições ideais para o acondicionamento das obras de arte, como controle de temperatura e segurança, o Pompidou resolveu desenvolver um projeto arquitetônico que pudesse se deslocar, levando arte e ações educativas a diferentes cidades francesas.

Os custos da instalação foram da ordem de 2,5 milhões de euros e o custo para cada nova exposição é de aproximadamente 200 mil euros.

Este pode ser considerado um museu-satélite, na medida em que é uma extensão do museu de Paris e de lá provém a verba para seu funcionamento bem como as decisões a respeito das obras expostas, lugares visitados e atividades propostas.

Mas, acima de tudo, esta é uma iniciativa que retoma a questão inicial da palestra, a função primordial de um museu.




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