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Bacharel em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda - pela Usp. Período em que trabalhou como designer e professora de artes gráficas. Mestra em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp. Contou com apoio da Fapesp para sua pesquisa, que versa sobre os procedimentos artísticos modernos e contemporâneos, sobretudo no que diz respeito à colagem. Atua paralelamente como curadora independente.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Exposição blockbuster no CCBB

Entre 4 de agosto de 7 de outubro deste ano, o CCBB de São Paulo oferece ao público a mostra Impressionismo: Paris e a Modernidade: Obras-Primas do Museu d’Orsay.

Sobre a qualidade do acervo do Museu d'Orsay vinda para cá não se tem muito o que comentar. Resta elogiar e parabenizar pela iniciativa! 

Obras de arte impressionistas relevantes, de artistas importantíssimos para a história da arte ocidental - Camille Pissaro, Claude Monet, Edgar Degas, Edouard Manet, Henri Toulosse-Lautrec, Paul Cézanne, Paul Gauguin, Pierre-Auguste Renoir e Vincent Van Gogh -  apresentadas pela primeira vez no país. 


"La Tour Eiffel", de Louis Welden Hawkins (1849-1910)
O fato demonstra ainda que o Brasil está de fato inserido no contexto internacional das artes e que já dispõe da confiança de grandes instituições tradicionais, independente do valor do seguro pago para tal transação.

O CCBB é ainda uma das minhas instituições culturais favoritas não só pela qualidade recorrente da arte exposta - normalmente contemporânea, o que requer ainda maior seletividade - mas também pelas atividades educativas ao redor das exposições apresentadas com debates, palestras e disponibilização de catálogos online. O que nesta mostra não é diferente.

No entanto, o projeto expositivo da Expomus incomodou-me sobremaneira. Um espaço apertado para as 85 obras apresentadas, que se transformou numa réplica malfeita de um museu antigo francês. 

Não havia nem recuo suficiente para apreciação de algumas obras de mais de 2 metros de altura. Fiquei ainda pensando na circulação de cadeirantes em meio àquelas portas falsas colocadas no percurso expositivo.

Para mim, ficou claro até que uma exposição dessas não estava devidamente abrigado num prédio como o do CCBB, já que não se poderia utilizar as áreas de circulação fora das salas fechadas. Talvez na Pinacoteca, com o pé direito alto da construção, a exibição fosse mais valorizada. 

Quanto às cores escolhidas para as paredes, a exposição começa bem, com suas paredes em cor de vinho, que além da novidade ressaltam a luminosidade das telas impressionistas. No entanto, nas últimas salas ouvi pessoas reclamarem da falta de legibilidade das legendas brancas em fundo cinza mais claro.

Também a iluminação feita pelo Estúdio Design da Luz dificultou a visualização perfeita de diversas obras. A luz simplesmente refletia no vidro protetor das telas e dificultava a apreciação das cores, tão caras aos impressionistas.

Além disso, a transformação da exposição em um espetáculo levanta algumas  dúvidas. 

Se, por um lado, as filas de espera são um sinal de que mais pessoas estão indo ao museu e, talvez até tendo seu primeiro contato com a arte, seja extremamente positiva. Por outro esse excesso de público dificulta qualquer reflexão ou apreensão mais crítica do que está sendo visto.

As filas, que lembram o antigo Playcenter, tornam espera exaustiva. Também as senhas e carimbos no braço fazem com que não nos sintamos mais em um local de cultura e educação, mas indo em busca de puro entretenimento. 

Falta liberdade para andar livremente entre os trabalhos, para traçar seu próprio percurso dentro do que foi proposto pela curadoria, ir e voltar entre os andares, observar com calma sem se acotovelar com ninguém.

Para mim, ficou a vontade de um dia ir ao Museu d'Orsay para observar atentamente cada um dos trabalhos aqui apresentados; ficou a sensação de que fui, e não-fui a esta exposição.

Uma solução possível fosse aumentar o tempo em que a exposição ficará na cidade ou não exagerar na publicidade, sem dar conta do público atingido.




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