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Bacharel em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda - pela Usp. Período em que trabalhou como designer e professora de artes gráficas. Mestra em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp. Contou com apoio da Fapesp para sua pesquisa, que versa sobre os procedimentos artísticos modernos e contemporâneos, sobretudo no que diz respeito à colagem. Atua paralelamente como curadora independente.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Adriana Varejão no Mam

Entre 3 de setembro e 16 de dezembro a exposição Histórias às Margens exporá trabalhos de Adriana Varejão no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Eu conhecia pessoalmente os trabalhos da artista somente de seu pavilhão em Inhotim. Lá, apesar de bastante presente a visceralidade quase literal de seus trabalhos, há um espaço  arquitetônico enorme ao redor e uma maior variação de temática que minimizam o impacto causado por uma exposição como esta no Mam.

Aqui, a temática trabalhada privilegia o corpo e está presente em dez pequenas salas montadas no salão principal do museu.

 

Que o estranhamento e o choque façam parte da arte contemporânea, é fato. No ano passado, por meio da mostra Em nome dos artistas promovida pela Bienal tivemos acesso aos trabalhos de Damien Hist no Brasil. 

No trabalho do artista inglês o choque dos animais mortos e colocados no formol transforma-se em algo espetaculoso. Há uma crítica à sociedade, um questionamento à morte, mas há sobretudo o espetáculo. É o tubarão de 12 milhões de dólares de que nos fala Don Thompson em seu livro.

No trabalho de Varejão há uma dor tão verdadeira, que chega a comover. As vísceras saltando dos azulejos pintados, dos mapas pintados a óleo e de seus autorretratos metamorfoseadas são falsas, ou seja, réplicas feitas em outros materiais (ao contrário dos animais verdadeiros de Hist), mas a sensação que elas causam transparecem uma verdade profunda.

Vemos ainda um conhecimento histórico da arte nas referências ao barroco,  à arte chinesa.



Ontem, ao visitar a exposição, fiquei imaginando como seria essa mulher que se representou com os olhos saltados da face, que dor imensa era essa que ela sentia, que sensibilidade era essa que conseguia ver a morte histórica por trás da representação de indígenas felizes nos azulejos portugueses e transmiti-la tão sinceramente ao público.


Cheguei a ter certeza de que ela só poderia ser vegetariana como eu. Talvez porque meu estômago desse sinais de sua presença ao ver seus semelhantes lá representados.

Eis que em meio a todas estas divagações chego ao último espaço da exposição e encontro a própria artista dando uma entrevista. 

A Adriana Varejão é de uma suavidade ao falar, de uma aparência pequena, feminina, dócil e aparentemente tão equilibrada que me intrigou profundamente. 

Acho que eu estava esperando alguém externamente visceral, ativista, etc. Saí de lá cheia de dúvidas...

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